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EDIÇÃO 253 / AGOSTO / 2022 |
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O folclore é facilmente entendido como o cotejo de lendas de um lugar. Mas é mais que isso, o folclore é a parte da cultura popular em que está preservada a identidade social de um lugar. As danças, as comidas típicas, as festas populares, a músicas, as artesanias, as lendas, a religiosidade, tudo isso é parte da cultura popular de um lugar e também caracteriza o folclore de um povo. Aqui temos muitas lendas, tradições e ancestralidades que caracterizam o litoral praieiro, contudo, muito da cultura popular folclórica se perdeu com o passar dos anos e com o esmagamento cultural oriundo do movimento dos veraneios, e por força da absurda e sistemática falta de políticas públicas de cultura. Também muitos ritos folclóricos foram incorporados à cultura praieira vindos nessa esteira migratória. Conseguimos identificar lendas bastante conhecidas e reverberadas pelas nossas areias, como a Lenda das Duas Cruzes, a Lenda da Figueira dos Sonhos, a Lenda do Boto, o Mãozão, o Lobisomem, o TucTucão. Além das lendas temos resgatado o Auto do Boizinho da Praia, que permaneceu em desuso por muitos anos e hoje é parte viva da nossa comunidade. Temos Procissão de Nossa Senhora da Saúde e da Iemanjá, os Ex-votos, a Bandeira do Divino, Festa de Iemanjá e os Ternos de Reis e Juninos. As tradicionais mobílias de palha, que tem se perdido em meio aos móveis modernos, quase inexistem; as esteiras de praia, a arte em conchas, artesanato de palha de tiririca, o chapéu de palha trançada. Não podemos esquecer da culinária ímpar da beira da praia, pastel de marisco, arroz de marisco, nego-deitado de camarão, papa-terra e peixe-rei frito. Essa lista enorme de hábitos, costumes e histórias nossas compõem o folclore praieiro. Assim como pesquisas e descobertas da ancestralidade indígena praieira que evidenciam o uso das Conchas como forma de comunicação e ritualística, trazendo mais um riquíssimo elemento para o nosso folclore majestoso e diverso. No mês do folclore podemos comemorar a diversidade de nossas tradições e hábitos culturais, mas também precisamos denunciar a falta de políticas de preservação das nossas raízes, o comportamento combativo contra a cultura popular e local, o fomento contínuo á artistas de outros municípios e a exploração e desvalorização dos artistas da praia. Em todos os lugares do mundo assistimos as cidades contarem suas histórias e mostrar ao mundo o que tem de melhor. Aqui parece que a banda toca ao contrário e apenas o que vem de fora é valorizado. Os artistas da praia veem seu trabalho reconhecido fora daqui e nossas ferramentas de cultura continuam trabalhando para deslegitimar as ações dos artistas e retardar o avanço das políticas públicas. Mais uma vez perguntamos: qual a razão disso? Não dá pra entender!!! Mas essas práticas recorrentes já estão no patamar de lendas. Agora parece que acertamos o passo. A Cyntia Fachel é uma pessoa engajada com os coletivos culturais e promete impulsionar as políticas públicas municipais. Bem vinda Cyntia. Parabéns Elimar pela escolha. |
EDIÇÃO 252 / JUNHO |
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Já passei por várias fases na minha vida. Todas elas aqui em Cidreira. Já quis morar em outro lugar, quis pertencer a outra cidade. É no mar... É no mar... Deitar promessas nesse mar É no mar de Cidreira que a gente da beira se ergue e luta, resiste. Se constrói e desconstrói; e, permanece. Sou marisqueira orgulhosa do meu lugar. Viva Cidreira! |
EDIÇÃO 251 / MARÇO / 2022 |
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É MAIS QUE NECESSÁRIO RESISTIR PARA SOBREVIVER Existem vários tipos de resistência. A resistência física, ao ser internalizada, torna o corpo forte e resistente às intempéries, um corpo que se recupera. A resistência externa, aquela que frente á um desastre se coloca como barreira para evitar os danos permanentes. Existe também a resistência interna ou virtual, que é aquela que te faz pensar sobre determinadas ideias, ações e reações e te fortalece para que mantenhas teus princípios, teus valores. Segundo Tatiana Roque (2009): |
EDIÇÃO 250 / JANEIRO / 2022 |
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Não é novidade o festival de ataques realizados por vereadores na Câmara, em todas as sessões. Há pouco tempo, foi a cultura que ganhou a atenção destrutiva desse colegiado. Os trabalhadores e trabalhadoras da cultura, representados pelo Conselho Municipal de Cultura, depois de muita discussão, debate e reuniões prévias, conseguiram que o executivo enviasse para a aprovação da Câmara o Plano Municipal de Cultura. Com bastante surpresa, vimos o que deveria ser a habilitação e regularização municipal de Cidreira para receber recursos para o Fundo de Cultura virar uma palhaçada, um palanque onde os cultos e alguns tradicionalistas passaram a atacar o trabalho feito e a cancelar os textos construídos no coletivo. Com qual intuito? Boa pergunta. Nenhum desses no momento da Conferência de Cultura, fórum legítimo para discussão do plano de cultura e diretrizes para a condução da valorização e potencialização dos atributos culturais da nossa praia. Bom, resumo feito, o projeto de lei foi devolvido ao executivo, pois faltavam assinaturas. E daí, tudo parou. Prefeito renunciou, vice assumiu, secretaria mudou e a cultura que estava sem diretor, permaneceu sem gestor. E os projetos? Sem parecer, sem conhecimento ao Conselho. Assustadoramente, essa gestão e legislativo parecem, além de não dar nenhuma importância para a cultura e seus trabalhadores, também não tem nenhum compromisso em tornar a cidade apta, legalmente a acessar verbas que viabilizem o potencial cultural da praia. Pior que isso, recusam-se enfaticamente a criar as ferramentas legais e rejeitam orientações e deliberação do Conselho responsável por tal tarefa. Em vez de fazerem o trabalho de legislar, querem ser conselheiros, querem saber mais que os artistas, querem se manter irregulares, escolhem fazer o oposto do que as políticas públicas orientam. Fazem isso, sem conhecimento de causa, sem ouvido e sem nenhuma disposição de entender que os caminhos percorridos pelo Conselho são legítimos. Impedem as comunidades da praia de acessar bens culturais e agridem, desdenham e duvidam das qualificações de quem sabe mais. Parece que temos muito passado pela frente, ainda. Inexplicavelmente negam a comunidade o direito de crescer intelectual e culturalmente. A luta segue. As ações permanecem. A história não perdoa. E quem cuida da memória é a cultura. Não esqueceremos e nem deixaremos que a comunidade esqueça de quem persegue, nega direitos e agride a comunidade. Como diria o Luli, se ainda estivesse por aqui: “Sou Cidreirense e não desisto nunca”, 2022 começa agora! |
EDIÇÃO 249 / NOVEMBRO / 2021 |
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II CONFERÊNCIA MUNICIPAL DE CULTURA COMEMORAR E APLAUDIR |
EDIÇÃO 248 / AGOSTO/2021 |
O FOLCLORE E A CULTURA POPULAR |
O folclore é facilmente entendido como o cotejo de lendas de um lugar. Mas é mais que isso, o folclore é a parte da cultura popular em que está preservada a identidade social de um lugar. As danças, as comidas típicas, as festas populares, a músicas, as artesanias, as lendas, a religiosidade, tudo isso é parte da cultura popular de um lugar e também caracteriza o folclore de um povo. Aqui temos muitas lendas, tradições e ancestralidades que caracterizam o litoral praieiro, contudo, muito da cultura popular folclórica se perdeu com o passar dos anos e com o esmagamento cultural oriundo do movimento dos veraneios, e por força da absurda e sistemática falta de políticas públicas de cultura. Também muitos ritos folclóricos foram incorporados à cultura praieira vindos nessa esteira migratória. Conseguimos identificar lendas bastante conhecidas e reverberadas pelas nossas areias, como a Lenda das Duas Cruzes, a Lenda da Figueira dos Sonhos, a Lenda do Boto, o Mãozão, o Lobisomem, o TucTucão. Além das lendas temos resgatado o Auto do Boizinho da Praia, que permaneceu em desuso por muitos anos e hoje é parte viva da nossa comunidade. Temos Procissão de Nossa Senhora da Saúde e da Iemanjá, os Ex-votos, a Bandeira do Divino, Festa de Iemanjá e os Ternos de Reis e Juninos. As tradicionais mobílias de palha, que tem se perdido em meio aos móveis modernos, quase inexistem; as esteiras de praia, a arte em conchas, artesanato de palha de tiririca, o chapéu de palha trançada. Não podemos esquecer da culinária ímpar da beira da praia, pastel de marisco, arroz de marisco, nego-deitado de camarão, papa-terra e peixe-rei frito. Essa lista enorme de hábitos, costumes e histórias nossas compõem o folclore praieiro. Assim como pesquisas e descobertas da ancestralidade indígena praieira que evidenciam o uso das Conchas como forma de comunicação e ritualística, trazendo mais um riquíssimo elemento para o nosso folclore majestoso e diverso. No mês do folclore podemos comemorar a diversidade de nossas tradições e hábitos culturais, mas também precisamos denunciar a falta de políticas de preservação das nossas raízes, o comportamento combativo contra a cultura popular e local, o fomento contínuo à artistas de outros municípios e a exploração e desvalorização dos artistas da praia. Em todos os lugares do mundo assistimos as cidades contarem suas histórias e mostrar ao mundo o que tem de melhor. Aqui parece que a banda toca ao contrário e apenas o que vem de fora é valorizado. Os artistas da praia vêem seu trabalho reconhecido fora daqui e nossas ferramentas de cultura continuam trabalhando para deslegitimar as ações dos artistas e retardar o avanço das políticas públicas. Mais uma vez perguntamos: qual a razão disso? Não dá pra entender!!! Mas essas práticas recorrentes já estão no patamar de lendas. Será que tem um elemental nervosinho que mexe com as ideias dos gestores contra a cultura? |
EDIÇÃO 247 DE JULHO DE 2021 | ||
EDUCAÇÃO À LA CARTE A educação é pouco valorizada e os investimentos governamentais nunca são em aporte o suficiente para garantir estruturas e qualidades necessárias. Nesse processo também contamos para o sucateamento com a superproteção familiar e a interferência constante de áreas no funcionamento da educação escolar. |
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Vivemos o tempo das aulas online, dos cadernos prontos e ainda assim os métodos e conteúdos organizados em leis que regem a educação são passíveis de questionamentos constantes. O que querem essas famílias para os seus filhos? Crenças cegas e fundamentalistas? Teorias ultrapassadas e nenhuma chance de construírem conhecimento autônomo? Enquanto for permitido que famílias questionem professores como se esses não tivessem autoridade pedagógica para lecionar a educação continuará esse caos que só aumenta. Escola não serve pra socializar, professores não são substitutos dos pais. A escola não é uma extensão da casa e nem tem a obrigação de ser, não é lugar de assentir com todas as vontades das crianças. Escola é lugar de ensino, de aprender sobre o que não está na oralidade familiar. Escola é caminho, é percurso. Não é local de prevalecer a vontade dos pais. Não devemos confundir acolhimento com subserviência. Professores não são garçons, e quando planejam as aulas, não constroem um cardápio. É um roteiro. Aprende quem quer, nesse caminho. Mas quem mais precisa aprender são essas famílias que acreditam ter o poder de escolher o que seus filhos vão ver na escola. A educação não é self service, é construção social e tem profissionais para isso. A educação familiar é que deve ser preocupação das famílias, assim os professores não precisam ensinar a não bater, a não gritar, a permanecer no seu lugar e a ouvir os mestres. Essa educação tem sido esquecida pelas famílias que tentam cercear a ação dos professores antes de educar seus filhos. As famílias parceiras desculpem esse desabafo, esse texto não pretende generalizar, apenas chamar a atenção para aquelas que não respeitam os professores. |
EDIÇÃO 246 DE JUNHO DE 2021 | ||
CARACOLAS DE VENTO: ANCESTRALIDADE ORIGINAL PRAIEIRA O que são caracolas?
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Considerando as distâncias percorridas pelos moluscadores para a beira da praia, os indícios e as lendas Carijós apontam para o uso das Caracolas como trombetas anunciadoras e convocatórias. Os homens e mulheres que se deslocavam para a beira levavam consigo porongos com água doce e uma grande concha para anuciar sua chegada na beira mar e também seu retorno. Assim como na aldeia as famílias também usavam essas conchas para chamar os marisqueiros para o sol poente. Lendas Carijós contam que quando os caçadores iam á caça ou para a guerra, saiam da aldeia ao Som do Sopro das conchas tocadas pelos Pajés, para que não morressem na jornada e voltassem com saúde. As pesquisas na oralidade e na memória popular, mostram que as raízes das cerimônias de anunciação dos encontros dos povos originários, desde a beira do nosso mar até os altiplanos andinos da nossa latinoamérica são convocadas pelo soar das conchas. As caracolas de ventos são instrumentos primitivos que residem na memória e nos costumes indígenas dos povos que nos antecederam. Então que soem as Caracolas e que nossa memória não se perca, como se perderam os nossos sambaquis e os nossos ancestrais. |
Edição 245 de abril de 2021 A VOLTA ÀS AULAS DA MORTE Muito se lê, ouve e fala sobre a volta às aulas e seus benefícios psicológicos, sócio econômicos e emocionais para os alunos, também para os pais. Contudo, ninguém está falando sobre os potenciais agravamentos dos riscos que a comunidade escolar como um todo vai estar exposta. São muitos os riscos mascarados sob a falácia de que temos que pensar no aluno. Estamos pensando nas crianças quando a proposta é que ela fique na escola 3 horas corridas, sem intervalo? Estamos promovendo que aprendizagem emocional, quando a proposta é que elas permaneçam sentadas de máscara e sem interação com os colegas e professores, ainda que estejam todos na mesma sala? Qual seria o aprendizado para eles, caso tenham tosse ou gripe e sejam mandadas de volta pra casa antes de entrar no portão? Que abordagem pedagógica estaremos usando quando propomos que crianças não brinquem e não compartilhem nenhum material? |
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Edição 244 de março de 2021 É NO EMBALO DA PRAIA QUE EU VOU... Muitos anos de parceria, debates, produções, discordâncias, apoio mútuo... quase 50 anos de vida, uma vida inteira dedicada a arte e a música. Muitas canções embalaram nossas vivências. E nesse embalo de marés boas e ruins, a pior delas levou o Maresia. E ele foi, sem volta. Inacreditável. Estúpido. Violento. Uma ressaca bravia arrastou artistas de muitos cantos desse litoral e do nosso estado para uma tristeza profunda. |
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