Cultura | Apesar de as ações ligadas ao campo cultural para a população litorânea serem variadas, iniciativas ainda sofrem com a falta de incentivo do poder público
Quando se fala sobre a região do litoral, logo se pensa em apenas uma coisa: beira da praia. Embora seja a maior atração turística das cidades litorâneas, ela não é a única. Outras atividades e espaços culturais voltados à população, envolvendo dança, música, cinema e teatro, existem e lutam para se manter.
Na cidade de Cidreira essas iniciativas são muito presentes. A fundação da Casa de Cultura do Litoral, por exemplo, é essencial para que vários projetos se mantenham. O espaço é uma organização composta por um coletivo de artistas, pesquisadores e ativistas culturais da região e tem como propósitos a pesquisa, o registro, a valorização e a divulgação dos artistas, das artes e das culturas da região praieira gaúcha. Com isso, a Casa apresentou um projeto ao Ministério da Cultura em um edital federal e foi contemplada com o projeto Ponto de Cultura Flor da Areia, dedicado à produção audiovisual com tecnologias digitais.
De acordo com o Mestre Ivan Therra, músico e coordenador do projeto, o objetivo principal é fazer cinema sobre as histórias da praia. “A gente recolhe da memória e da oralidade, da conversa com os mais velhos histórias da beira da nossa praia e transformamos em filmes”, conta. A produção mais famosa do projeto é o filme intitulado “Maestro da Areia”, trazendo a narrativa de um pescador chamado Mestre Tobias, que tinha o costume de fazer instrumentos musicais e ensinar as crianças a tocar e a cantar.
“A nossa função principal eu penso que seja ouvir e registrar. A gente é um grupo de artistas que está disposto a ouvir, ouvir as histórias, ouvir o som dos ventos, o movimento das dunas, ouvir o que a natureza quer nos dizer, o que a comunidade quer nos dizer”
Mestre Ivan Therra
Dentro do Ponto de Cultura Flor da Areia existe um projeto chamado Boizinho da Praia, um auto folclórico que estava em desuso há mais de 60 anos na cidade. Ivan conta que passou a procurar na memória dos moradores pedaços dessa história. “Eu descobri que esse boizinho não era só aqui”, diz. “Tinha um boizinho em Tramandaí, em Quintão, no Balneário Pinhal, em Osório também tinha; enfim, tínhamos vários boizinhos aqui na região litorânea.” Assim, o músico reuniu as cantorias, os instrumentais, as danças e resgatou essa memória do Boizinho da Praia para os pequenos na beira de Cidreira.
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